Navegar é preciso. Cobrar também é preciso.
- Revolution Software
- 8 de mai.
- 3 min de leitura

Observando os ventos que têm soprado sobre o mercado de cobrança e recuperação de crédito, percebo que muitos líderes e empresas estão focados demais no vento.
E hoje, o vento se chama Inteligência Artificial.
Poucos perguntam se ela está, de fato, gerando ROI, reduzindo a PDD ou melhorando a recuperação de inadimplentes. A preocupação parece ser apenas poder afirmar: “Minha empresa já tem IA.”
Mas quem conhece o mar sabe: o vento é apenas o motor. Não é quem dá a direção. E nós, como comandantes, podemos seguir para qualquer canto do horizonte — independentemente da direção do vento.
Pode exigir bordos, mudanças de amura, paciência e técnica. Mas quem governa conhece os caminhos, mesmo quando não são óbvios.
No oceano — e nos negócios — o vento sopra onde quer. Muda de direção, de força. Às vezes sopra forte demais. Outras, mal se sente. Ele não consulta o nosso destino. Apenas sopra.
Cabe ao navegador — e não ao vento — decidir a rota.
Um veleiro bem comandado não se rende ao vento. Quando ele é contrário, bordejamos. Mudamos de amuras, aproveitamos cada rajada e avançamos, mesmo que por trajetórias sinuosas. Para quem observa de longe, pode parecer desvio. Mas quem conhece o mar sabe: é assim que se progride.
Em navegação, traçamos uma rota — para onde queremos ir. Mas seguimos uma derrota — para onde as condições nos permitem ir. No mundo dos negócios, é igual. A visão define a rota. A realidade do mercado define as derrotas possíveis. E cabe ao líder ajustar o percurso sem perder o destino de vista.
Quando o vento é fraco, abrimos mais pano. Ampliamos a área vélica. Buscamos toda tração possível. É o momento de ousar, de expandir. Se sopra demais, rizamos a mestra, recolhemos a genoa. Ambição e prudência dividem o mesmo convés.
E quando a tempestade chega — porque ela sempre chega —, às vezes é necessário correr com o vento. Não por rendição. Mas por sabedoria. Preservar a embarcação e a tripulação é mais importante do que avançar a qualquer custo. O navegador experiente sabe que tempestades passam. O importante é manter o leme firme até a bonança.
Mas há um perigo maior do que qualquer tormenta: a calmaria. Quando as velas batem — inquietas, sem propósito — e o mar se torna espelho. Nos negócios, a calmaria é traiçoeira. É quando investimos tempo, dinheiro e recursos em uma estratégia e, mesmo assim, o barco não anda. Não pela falta de vento, mas pela falta de visão e planejamento.
Quem navega sabe: a palavra-chave é planejamento. Sem ele, nem o vento mais favorável ajuda.
A esquadra de Magalhães desafiou oceanos e tempestades, mas não sucumbiu ao excesso de vento. Sucumbiu pela sua ausência. Porque, no mar e na vida, a estagnação é sempre mais perigosa do que a tormenta.
Na cobrança, a Inteligência Artificial é uma ferramenta poderosa. Um vento que pode ser favorável. Mas não é ela quem decide para onde vamos. Quem tem um porto em mente nunca está à deriva. Mesmo que o caminho exija bordos, redução de velas ou espera paciente pela próxima rajada.
Velejar não é ser levado. É saber onde se quer chegar. É ter método, precisão e destino. Navegar é preciso. Não no sentido de necessidade, mas de exatidão. Cobrar também é preciso.
Alexandre Teles | CEO REVO360
Velejador de oceano e Capitão Amador
Cobrar é preciso! ⛵
Navegar é preciso. Cobrar também é preciso
Comments